Acordei faceira e cheguei no trabalho no meu horário habitual de 7h da madrugada, quando eram 9h recebo uma ligação do colega que trabalha comigo avisando que não estava se sentindo bem e não poderia ir, ou seja, eu não poderia sair no meu horário habitual de 16 h pois teria que cobrir o plantão dele até as 19h.
Atordoada com a notícia, fui sentar em minha cadeira e bati a cabeça no dispenser de álcool gel que fica na parede. Gemendo de dor, apoiei na divisória, que por sua vez caiu sobre mim.
Sentada em OUTRA cadeira, fiz a Poliana e pensei que tudo estava bem porque 11h eu iria até o salão de beleza ser mimada e fazer a sobrancelha pois tinha marcado horário uma semana atrás.
Toca o meu telefone e era do salão. A esteticista faltou e perguntaram se poderiam me reagendar para outro dia.
Reagendamento feito, me consolei pensando que 11h era um horário que eu geralmente almoço então eu almoçaria com calma já que o salão tinha babado. Nesse momento de reflexão sobre qual restaurante ir, minha chefe entra e diz que vai ter que sair para almoçar 11h sem hora para voltar se eu poderia cobrir tudo até a volta dela.
Resolvi então pegar um pacote de biscoitos na máquina e comer pois quando ela falava assim, 14h era cedo para voltar.
Ao acabar de comer e jogar o pacote na lixeira, ela entra na minha sala e diz que resolveu tudo mais rápido do que esperava mas que eu tinha que sair para ALMOÇAR NAQUELE EXATO MOMENTO.
Sem fome nenhuma, resolvo buscar minha calça jeans e um vestido na costureira que fica a uns 2km do meu trabalho.
Pego tudo, saio e...cai um temporal. Menina prevenida que sou, eu tinha uma sombrinha, que foi prontamente aberta. E também prontamente virou ao contrário, partindo-se.
Passa o camelô vendendo "FAMILIÃO UM REAAAAAAL".
Compro aquele guarda chuva que é um misto de arma e guarda sol e vou até um restaurante fazer uma quentinha para comer quando me der fome mais tarde.
A chuva não só aperta, como tenho quase certeza que vi Noé e um casal de patinhos acenando de uma arca que passava na mesma rua por onde eu ia andando.
Chego no trabalho molhada do pescoço para baixo. Tentando manter o alto astral ainda penso "Que sorte que as roupas da costureira estão secas!". Troco de roupa e passo o resto do dia atendendo os pacientes de vestido preto.
Os atendimentos terminaram e penso que já que estou só cobrindo o horário do colega, já que acabou tudo, vou embora uma meia horinha mais cedo.
Ledo engano. Os donos da clínica tinham escolhido esse singelo dia para a reunião de balancete do mês e TODOS estão lá.
Conformada, sento e olho a parede por meia hora.
Na estação do metrô paro e em poucos segundos um metrô chega. Antes que tivesse tempo de comemorar o fato de nada mais ter acontecido, percebo que todos os vagões abriram as portas menos o que eu estava em frente, que encontrava-se em manutenção.
Corro até o vagão mais próximo, chego em casa e encontro o técnico da net no saguão do prédio.
Já trêmula, pergunto o que ele está fazendo ali.
_Dona, a gente tá fazendo uma manutenção nos cabos. A senhora vai ficar sem internet, TV e telefone por essa noite, ok?
NÃO, NÃO TÁ OK, PORRA!
Era o que eu gostaria de ter gritado, mas dou boa noite e corro para dentro do apartamento já esperando encontrar alguma catástrofe.
Miraculosamente, tudo parece bem.
Vou dormir para que o dia acabe antes que mais alguma coisa aconteça.